Mogiano participou de 63 cirurgias no país da América Central.
Ao lembrar de experiência, ele diz que mudou o jeito de ver a vida.
O dia 12 de janeiro de 2010 ficou marcado para sempre na história do Haiti. Nessa data um terremoto de 7,3 graus na escala Richter, que vai até dez, matou mais de 250 mil pessoas no país, tendo entre as vítimas 18 militares brasileiros. Além disso, 40 mil pessoas tiveram os membros amputados e 1 milhão de moradores perderam suas casas.
Em meio a esse cenário de destruição, o médico mogiano Mário Sérgio Pineda chegou para atender aos haitianos. Ele é oficial médico da Força Aérea Brasileira. Pineda ficou 40 dias no Haiti onde participou de 63 cirurgias. Ele conta que todo o contingente médico da Aeronáutica realizou nesse período quase 8 mil atendimentos. Muitos eram sobreviventes do terremoto.
“Quando eu fui escalado minha mala já estava pronta. Vi a reportagem sobre o terremoto na televisão e já me preparei psicologicamente. Também conversei com um ortopedista que foi no primeiro contingente e fiquei só esperando ser escalado”, contou Pineda.
“Quando eu fui escalado minha mala já estava pronta. Vi a reportagem sobre o terremoto na televisão e já me preparei psicologicamente. Também conversei com um ortopedista que foi no primeiro contingente e fiquei só esperando ser escalado”, contou Pineda.
O mogiano disse que o primeiro impacto ao chegar no Haiti foi se deparar com os escombros. “As pessoas andavam sem destino em meio as ruínas. Isso porque elas não tinham para onde ir. Apesar disso não dava para sentir aquele sofrimento porque já comecei a trabalhar.” As crianças marcaram a estada do médico mogiano no Haiti. “As crianças sofriam muito com desidratação grave. Isso é comum por causa das condições de higiene. Eu tratei de uma que levou de dois a três dias para começar a se recuperar. Ela ficou boa mesmo só depois de uma semana. E, infelizmente, voltou a viver em péssimas condições de higiene”, relatou o médico.
Apesar das dificuldades vividas no Haiti, Pineda trouxe na bagagem muitas lições de vida. "Eu achava que dava valor para as coisas, agora dou mais valor ainda, especialmente às pequenas coisas. O povo do Haiti mesmo com tantos problemas é um povo feliz.” O médico mogiano acredita que mesmo com toda a ajuda que o país recebe ainda é preciso muito apoio internacional para que o Haiti consiga andar com seus próprios pés. E mesmo tendo ficado no país por 40 dias, Pineda se orgulha do trabalho que fez por lá. “A gente leva o nosso nome, sobrenome, o nome do Brasil e de Mogi das Cruzes. Eu espero que Mogi tenha sido bem representada por lá”, conclui Pineda.
De acordo com a Missão da Organização das Nações Unidas para Estabilização do Haiti (Minustah) , Porto Príncipe, a capital do Haiti está bem próxima ao ponto de encontro entre as placas tectônicas do caribe e da América do Norte. Essas imensas lajes rochosas estão em discreto, mas permanente deslocamento. O epicentro do terremoto concidiu com a falha geológica.
Há três anos, o Haiti chegou a ter quase 1 milhão de desabrigados. Atualmente, esse número caiu para pouco mais de 200 mil pessoas, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Muitos ainda vivem em campos de refugiados. Mesmo depois de tanto tempo apenas 10% dos edifícios de Porto Príncipe foram reconstruídos.
O Palácio Nacional que também desabou só teve a sua ordem de reconstrução agora. Hoje o local é um imenso canteiro de obras. Do ponto mais alto da capital haitiana, as ruínas de um dos maiores prédios da cidade se destaca: é a Catedral de Notre Dame.
A cruz foi o único ponto que ficou intacto durante o terremoto. A catedral ainda impressiona pelas ruínas, mas já existe um projeto de reconstrução desse que é considerado um dos símbolos de Porto Príncipe.
A Igreja Sagrado Coração de Jesus também não resistiu aos tremores e desabou. Durante o desabamento em um anexo da igreja, a médica pediatra e sanitarista brasileira Zilda Arns visitava a Conferência Nacional dos Religiosos do Caribe. A criadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança da Igreja Católica foi uma das vítimas do terremoto. Joseph Luckner é interprete da ONU e acompanhava Zilda Arns nesse dia. Ele disse que apenas 1 minuto antes dos tremores havia dito para ela que já era hora de ir embora. "Quando derrubou o edifício a senhora Zilda Arns que estava no meio conversando com o pessoal já foi vítima." Luckner também foi soterrado e sobreviveu para contar sua experiência e admiração por Zilda Arns. "Eu acho que o espírito dela vai ficar em paz porque ela se sacrificou por uma causa nobre."
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